Terminado o processo eleitoral brasileiro, aliás, o processo mais polarizado da história de nossa jovem democracia, cujos reflexos adentraram aos lares, influenciando nas relações familiares e profissionais, transformaram redes sociais em verdadeiros cenários de guerra, (entre mortos e feridos, salvaram-se todos?), passado esse período, agora com a respiração pós-maratona, de atleta com pouco preparo físico, é chegada a hora de expectativas sobre o que nos aguarda para os próximos anos. Um tema que permanece polarizando uma grande parcela da sociedade é a educação, e isso, por si só, já é motivo de celebração, educação é pauta inevitável quando se fala em expectativa sobre o futuro de uma nação. Nação marcada pela revolta com o mar de lamas podres, chamado corrupção, que assola o país, rouba futuros, destrói famílias, inunda de zumbis as cracolandias país a dentro, enche de enfermos corredores de hospitais, povoa morros insalubres, enche as barrigas de milhões de brasileiros com miséria, assola professoras e professores às condições insalubres para sobrevivência, submete crianças à privação do seu pleno desenvolvimento, do pleno aproveitamento do seu potencial intelectual, cultural, social, muitas das vezes priva de sua plenitude humana. Sim, a educação permeia tudo isso, e muito, mas muito mais, educação está no cerne embrionário nuclear do átomo que propulsionará o desenvolvimento pleno de nosso país, passando pela superação de todas essas mazelas. Mas cabe um alerta: os desafios da educação estão anos luz de distância de se resumirem a aprovação ou não o ideário contido no movimento escola sem partido. Essa discussão nos coloca numa armadilha, pois nos divide, nos coloca em lados opostos e a educação como arma para nos ferirmos, isso nos mata a todos, dessa guerra não haverá vencedores, apenas derrotados. Qual a escola dos seus sonhos? Como chegamos até ela, juntos ou divididos? A escola pública é hoje o que resta de referência intelectual, afetiva, social e cultural para milhões de crianças em sua primeira infância, o momento de consolidar valores para toda vida. A primeira infância é a base para todo aprendizado humano, são cem bilhões de células cerebrais estabelecendo 1 quatrilhão de ligações que uma criança desenvolve durante sua idade de creche (até os 3 anos), esse processo avança na idade pré escolar(até os 6 anos), portanto, o desafio da educação infantil é estratosférico, pois é essa educação que determinará o indivíduo e sua capacidade intelectual e social na construção de um mundo melhor. Quantos brasileiros até 3 anos conseguem ter garantidos seu direito à creche? Dos brasileiros de 0 a 3 anos que tem garantido seu acesso à creche, quantos gozam das plenas condições para seu pleno desenvolvimento? A discussão sobre os avanços necessários em termos de qualidade e acesso à educação infantil nos une e precede todas as outras, em especial àquelas que nos dividem e por consequência nos enfraquecem, sendo ainda mais profunda e eficaz, é um enfrentamento necessário à todo cidadão. Ao nos aprofundarmos no tema em busca de caminhos para avançar e superar desafios nos deparamos com a discussão do FUNDEB, pauta para o próximo governo, pois a lei atual se encerra em 2020, portanto, o tema já possui projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que determinarão o financiamento da educação pública para os próximos anos. Poderíamos então começar por aí, uma luta nacional pelo financiamento da educação pública como prioridade, uma marcha de todos os homens e mulheres desse país pela escola de seu filho, escola com professores valorizados, bem remunerados e com condições de trabalho, escola com conceito de educação integral, escola com estrutura para educação em tempo integral, eis o que nos une, “eureka!”.Quando eu era pequeno, lá em Juquitiba, durante uma tempestade, ventos fortes balançando os galhos das árvores, trovões e raios, sentíamos muito medo, ficávamos todos pertinhos eu, meus irmãos e minha mãe, até que a tempestade passasse, e ela sempre passou. Vivemos tempos difíceis em nosso país, precisamos estar juntos, unidos, porém, não pelo medo, mas pelos sonhos.
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