O Campo de Marte regulado pela Aeronáutica registrou 11 acidentes em 10 anos. O aeródromo na zona norte de São Paulo, de onde partiu a aeronave que caiu nesta sexta-feira matando ao menos duas pessoas, foi palco de outro acidente fatal este ano.
Em 29 de julho um avião de pequeno porte explodiu ao tocar a pista, deixando um morto e seis feridos. Apesar de dois incidentes graves em um intervalo de poucos meses, o local é considerado seguro, e segue “as normas de segurança mundiais” de acordo com o comandante João Henrique Ferreira Varella, diretor da secretaria segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas. Ele lamenta que este tipo de aeronave — um Cessna Centurion 210, fabricado nos anos de 1980— não possua a chamada caixa-preta, que registra as conversas e dados dos instrumentos durante o voo, o que dificulta a investigação das causas do acidente.
O peso máximo de decolagem era de 1,7 tonelada e a aeronave comportava até cinco passageiros. A inspeção anual de manutenção da aeronave tinha validade até 13 de dezembro deste ano. A Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac aponta que o veículo estava registrado sob a categoria de serviços aéreos e que o certificado de aeronavegabilidade estava válido até o ano de 2022.
“Este aeroporto preconiza a segurança como todos os outros. O fato de estar em um centro urbano bem denso não quer dizer que seja mais seguro ou menos seguro que outros aeródromos”, afirma o comandante. Nos últimos dez anos, o Campo de Marte foi palco de 11 acidentes, que deixaram dois mortos. “A aérea da pista deste aeródromo destinado ao pouso e decolagem é reduzida em função das edificações ao redor, para que haja mais segurança”, afirma. O comandante Varella afirma que acidentes de pequeno porte são “comuns no mundo inteiro”. “Ocorrem mais acidentes com aviões deste tipo do que com grandes aeronaves porque existe, no Brasil, cerca de 400 aviões comerciais em um universo de 10.000 aviões”, diz.
Ainda sobre o terrível acidente, de acordo com o Corpo de Bombeiros, os corpos do piloto e do copiloto foram retirados de dentro da aeronave. A identidade das vítimas não foi divulgada. Entre os feridos, sete eram pedestres que passavam pelo local do acidente e cinco, pessoas que estavam dentro das casas atingidas pela aeronave. Nenhum dos feridos corre risco de morrer e o foco do incêndio está controlado.
Segundo testemunhas, o avião estava decolando quando caiu ao lado de um posto de gasolina. A aeronave havia decolado do Campo de Marte às 15h55, com destino a Jundiaí, no interior paulista.
“Vi ele passando bem baixinho e, depois, teve a explosão. Deu um barulho alto, saiu fumaça preta na hora, ficou um cheiro de fumaça”, disse o frentista Francimar Tomé da Silva, de 47 anos. “Teve correria para ver, para tirar fotos. Tinha pessoa gritando dizendo corre, corre, para sair fora, gritando pra sair.”
Uma testemunha que trabalha em uma empresa localizada na Avenida Brás Leme, a duas quadras do acidente, também viu o momento da queda. “Vi que o avião subiu do aeroporto, fez um rasante nas árvores e caiu em uma rua bem em frente (da empresa onde trabalha), atrás de um posto de gasolina.”
Segundo o economista Carneiro Filho, logo após a queda, houve uma explosão. “Explodiu, deu bastante estrondo e uma labareda bem alta.”
Direto da Redação Fagner Gouveia MTB67727/SP
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