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Política
TABOÃO DA SERRA
Tentativa de homicídio na eleição de Taboão da Serra foi forjada, dizem MP e polícia
Candidato à reeleição, Aprigio (Podemos) foi baleado no ombro no seu carro blindado na cidade da Grande SP. Segundo a investigação, objetivo da farsa era sensibilizar eleitores a votarem nele. Defesa alega inocência.
17/02/2025 - 09:27
Deive Reis

tentativa de homicídio cometida contra José Aprigio (Podemos), então prefeito de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, durante a campanha eleitoral do ano passado, foi forjada, segundo conclusão da Polícia Civil e o Ministério Público (MP). A informação foi confirmada pela reportagem nesta segunda-feira (17).

No dia 18 de outubro de 2024, entre os dois turnos da eleição municipal, Aprigio, que era candidato à reeleição, foi baleado e ferido no ombro esquerdo por um tiro de fuzil disparado de um veículo.

A bala perfurou o carro blindado do político e os executores fugiram pela Avenida Aprígio Bezerra da Silva, que leva o nome do pai dele. Seu motorista, um secretário e um fotógrafo estavam juntos, mas não foram atingidos. Seis disparos furaram a lataria e o vidro do automóvel.

No entanto, de acordo com as autoridades, o ataque a tiros foi uma simulação combinada para dar a impressão de que o então prefeito tinha sofrido um atentado. Ele não conseguiu se reeleger ao cargo.

Procurada para comentar o assunto, a defesa de Aprigio alegou inocência.

Ele ficou muito surpreso com a informação de que foi algo forjado aí. Vocês têm que analisar de uma forma que, se o crime existiu de forma a ser forjada, ele sofreu um tiro de um armamento pesado. Então, a vida dele naquele momento foi comprometida.

SSegundo ele, o ex-prefeito “está seguro tranquilo”. “Nós temos que deixar claro aqui que ele é a vítima”, continuou o advogado. “O prefeito é vítima, foi vítima de um atentado contra sua vida”.

Aprigio não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto.

Ao menos nove pessoas, sendo três secretários de Aprigio à época, estão envolvidos diretamente no falso ataque a tiros, segundo a polícia e o MP. O próprio político é investigado por suspeita de participar do plano.

Uma operação da Delegacia Seccional e da Promotoria da cidade, batizada de “Operação Fato Oculto”, foi realizada nesta segunda para tentar prender alguns dos envolvidos na fraude (saiba mais abaixo).

O caso é apurado como tentativa de homicídio, incêndio e adulteração de veículo. “Os demais ocupantes do veículo oficial foram expostos a risco concreto de morte em razão dos disparos de fuzis”, diz um dos trechos da polícia sobre o caso.

De acordo com a investigação, o objetivo da simulação era fazer com que Aprigio sensibilizasse os eleitores para votarem nele e, assim, derrotar seu adversário no segundo turno, candidato Engenheiro Daniel (União Brasil).

“O conjunto probatório carreado mostra-se hígido em comprovar que não houve tentativa de homicídio contra o prefeito José Aprígio, nos termos por ele descrito, mas um embuste voltado a reverter a vontade dos eleitores de Taboão da Serra, legitimamente expressada nas urnas”, informa o relatório policial.

Vídeos gravados pela comitiva de Aprigio o mostravam sangrando no carro. Depois, foram feitas postagens do prefeito no hospital contando que havia fraturado a clavícula. Todas as imagens foram postadas nas redes sociais do político e acabaram viralizando (veja nesta reportagem).

Mesmo assim, Aprigio não conseguiu se reeleger e perdeu a disputa para Daniel.

Por Isabela Leite, Bruno Tavares, Kleber Tomaz, TV Globo e g1 SP

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